sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Ano novo, trabalho também!

2017 começa renovado para mim!
Já faz um tempo que eu venho repensando meu trabalho, afinal lá se vão 14 anos e de tempos em tempos isso faz muito bem.
2016 foi um bom momento para refletir e me reinventar. Repensar o trabalho foi de encontro a antigos sonhos lá do início do projeto, com um meu desejo de poder oferecer os vinhos que eu gostava de beber muito antes de entendê-los, ligados aos hábitos familiares e a cultura na qual eu me criei. Eram os vinhos típicos do meu país, diferentes dos de outros, em estilo e variedades, mas que também sabiam (e sabem) ser bons.





Quando se tornou trabalho, o vinho que eu passei a tomar contato se distanciou do das minhas referências pessoais para ganhar conhecimento e dimensão mundial. Só que muitas vezes o conhecimento engessa a gente quando estabelece padrões, quando determina o que é bom e ruim, certo e errado, quando tira o vinho da mesa e de seu contexto cultural e o leva para o alto de um pedestal, fazendo acreditar que bom vinho é só de um tipo, de determinadas variedades e lugares, com um determinado padrão de gosto, e merecedor das mais altas notas da crítica. Isso não é qualidade, é padrão, o que sempre me incomodou, porque tira de quem se interessa pelo vinho a liberdade de escolher e de gostar do que se quiser gostar. Porque deixa de fora tantos bons vinhos do mundo todo que não se enquadram nele, como aquele vinho que eu aprendi a gostar, ou como o vinho que você gosta, mas deixou de tomar porque alguém criticou, menosprezou, dizendo que é ruim ou até mesmo que não era vinho (principalmente se for branco!!!). Infelizmente tem muita gente que ainda pensa assim...


Desde o início meu trabalho não se enquadrou em padrões, seguiu meu coração e abraçou o maior e mais inusitado dos desafios, que é o de divulgar e vender vinhos brasileiros para brasileiros. Consegui resistir num mercado dominado pelos importados e cheguei até aqui, ufa!!! 
2016 representou então a consolidação do meu propósito com uma volta as minhas referências para ir além. Não basta mais só tratar de vinhos feitos no Brasil, mas daqueles que representem uma genuína identidade brasileira, e isso passa longe dos padrões. 
Olhar para o passado não teve nada de saudosismo. Não significa um retrocesso. Foi  o resgate de antigas e autênticas experiências com o vinho para buscar tudo o que tem essa identidade e feito com a qualidade que todo bom vinho deve ter, seja ele qual for.

É costume dizer que esse tal bom vinho nasce no vinhedo. Verdade, e digo mais, ele nasce muito antes disso, com o entendimento e o respeito à relação entre variedade, solo e clima que dá certo, e não aquela que se insiste em criar porque é moda ou tendência mundial. 
Essa é condição fundamental para que um vinho seja bom e natural, porque forçar uma variedade para dar certo em um solo e clima que não é o mais ideal para ela vai requerer intensas intervenções e aplicações de produtos químicos para garantir a sobrevivência das plantas, além de correções na vinificação para moldar o vinho conforme o padrão que o mercado estabeleceu como bom.

Fui buscar então os vinhos que dão certo por aqui, que tem a cara do Brasil, que contam a sua história e que, muitas vezes, vão na contramão dos padrões. Vinhos que as famílias  produziam para seu próprio consumo, porque isso era parte de sua cultura, e que depois se tornou meio de vida. Hoje muitos destes vinhos são um resgate, pelas mãos das novas gerações, do que foi ficando esquecido, numa busca da identidade brasileira e de preservação da cultura regional e de suas famílias.



  

 


Este será o tom do meu trabalho a partir de agora, o tom de tudo o que é genuinamente brasileiro e bom. Então para aqueles que me perguntam se eu tenho Malbec, já sabe!!!
Vou falar de regiões onde o vinho não só dá certo, mas onde ganha identidade própria e estabelece relações estreitas com a alimentação e a cultura local. Vou tratar de variedades que vocês até já estão familiarizados, como Peverella, Riesling Itálico, Cabernet Franc, Merlot, Ancellotta ou Teroldego, mas também vão começar a ver mais Moscato, Goethe, Barbera, Sangiovese e inclusive Isabel, Bordo, Niagara e Lorena. Sim, as discriminadas uvas labruscas que fazem os vinhos de mesa no Brasil e que estão em nossas mesas para consumo in natura. Se o aroma e gosto da uva são bons para comer, por que não para beber?
Recentemente li uma sábia frase que diz que não existem variedades ruins, o que existe são produtores ruins. Grande verdade, que vale para qualquer tipo de uva e vinho do mundo todo.
Sem dúvida os vinhos das uvas de mesa são mais simples, menos complexos, tem aroma e sabor de uva mesmo, mas quando feitos com a mesma qualidade dos finos, são simplesmente deliciosos e encantadores. E o melhor de tudo é que não precisam de pompa e circunstância para serem bebidos, pode ser a qualquer hora, em qualquer lugar, no copo que quiser e do jeito que der vontade. 
É libertador!

Isabel, rainha das labruscas!

Eu não tenho a menor pretensão em equiparar os vinhos de mesa (feitos de uvas labruscas ou americanas) aos finos (feitos de uvas viníferas), pelo contrário, cada coisa no seu momento e lugar. Eu quero é celebrar a diversidade, valorizar o prazer de beber tudo o que se gosta e que tem a qualidade de ser bom e genuíno.
Quero devolver ao vinho sua simplicidade para que desça do pedestal e volte para a mesa, onde mais pessoas possam desfrutar desse prazer, não só em grandes celebrações, jantares especiais ou rodas de conhecedores, mas no dia a dia, nas refeições, no encontro com os amigos, no churrasco ou simplesmente para matar a sede e se divertir, como se faz com a cerveja.

O que eu falo, eu pratico! Esta foto é de um momento recente e muito especial com um vinho de Zeperina, variedade não vinífera e desconhecida, que eu ganhei da Lizete Vicari, produtora do Domínio Vicari, e que compartilhei com clientes e amigos queridos num almoço de final de ano. 
Vinho é isso, simples assim, bom assim.


 

Todo esse papo deu uma sede danada, então vamos lá abrir um vinho gostoso e brindar a tudo o que é brasileiro e bom!


Um comentário:

VINHOS DE SÃO ROQUE disse...

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